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Sérgio Alves: O ocaso de um ídolo Alvinegro

Imagine o valor do ídolo para uma criança, aquela admiração incomensurável, um amor sem fim que por nada pode ser abalado. Foi dessa maneira que Sérgio Alves Lima passou em minha vida de Torcedor Alvinegro. No já distante ano de 1992 estava ainda adentrando no mundo futebolístico, um neófito na arte de se enamorar pelo esporte bretão. Eis que num jogo testemunho aquele atacante implacável romper nossa defesa e nos golear impiedosamente. Era ele, o tal Sérgio Alves. Atônitos aceitamos a goleada mas enxergamos ali uma promissora contratação que logo depois se concretizou. Depois disso houve memoráveis tardes no Castelão, narrações inesquecíveis do Gomes Farias se reportando ao nosso ídolo como o “craque dos cabelos esvoaçantes”. Nessa vida de torcedor alvinegro tive a chance de conhecer também o Hélio Carrasco, atacante deveras implacável que marcou gols importantes pelo Ceará, mas eu era muito jovem, comecei em 1988 a defender as cores do Mais Querido. Sérgio Alves foi aquele que escolhi como ídolo para toda minha vida pela forma que ele honrou nosso pavilhão.

Para o nosso craque a alvinegridade estava no sangue, sempre que conclamado pela torcida ele vinha ao nosso encontro estapeando o braço mostrando que ali corria sangue alvinegro.O transe acontecia, todos ficávamos eufóricos e gritávamos com mais força “Olê Olê Olê Olê Sérgio Alves!”. Dentro de campo ele correspondia e nos levava aos píncaros da glória. Gols importantíssimos, finais que pareciam perdidas mas que sempre eram transfiguradas em vitórias indeléveis através dos pés do Carrasco. Inúmeros títulos pelo Alvinegro, chegando quase a nos levar ao topo das Américas naquela final da Copa do Brasil de 1994, aquele árbitro cujo nome prefiro não mencionar, nos assaltou fragorosamente e nos usurpou o direito legítimo de chegar ao nosso primeiro título nacional e com isso a tão sonhada vaga na Copa Libertadores da América.

Se fosse contar aqui a história do Sérgio Alves iria gastar páginas e páginas e mesmo assim não seria suficiente para homenagear a grandeza do nosso astro. Lembro como se hoje fosse, após um jogo que resultou numa derrota claudicante, estava ele saindo dos vestiários e algumas pessoas o atribuíam a responsabilidade pelo amargor da derrota. Aproximei-me mas a frase de apoio ficou presa na garganta, queria dizer a ele que não desse ouvidos aqueles loucos momentâneos que estavam inebriados pela derrota, que confiava plenamente nele e que no próximo jogo venceríamos. Infelizmente não tive coragem de falar isso para meu ídolo e essa frustração irei carregar pelo resto de vida. Entretanto como por telepatia ele entendeu a mensagem, não se deixou abalar pelas críticas e continuou fazendo história.

E agora meu Deus? O malfadado dia da despedida chegou… Esse tempo que nada perdoa força-nos à beira do precipício e relega-nos às mudanças. Nosso Carrasco hoje se despede diante do ABC, outro time que defendeu bravamente e também foi ídolo. Até jogando pelo Bahia E.C., clube notoriamente de três cores, foi reverenciado e homenageado dentro do Estádio Presidente Vargas pela Torcida Alvinegro que clamou seu nome. Ele, emocionado pela homenagem nunca dantes vista, nada jogou e saiu daquela partida sem anotar nenhum escore contra nosso escrete alvinegro. Este é Sérgio Alves de Lima.

E o futuro? O que faremos quando a derrota se avizinhar? Quando a esperança na vitória estiver quase morta? Quando o duro golpe do revés nos atordoar? POR QUEM GRITAREMOS? “Olê olê olê Sérgio Alves” nunca mais… Não sei como farei para conter tamanha emoção hoje às 20:15 no Estádio Plácido Aderaldo Castelo. Certo que nosso ídolo já nos fez chorar inúmeras vezes de alegria mas hoje será diferente. O choro será de saudade, uma punhalada feroz no peito sem direito a defesa. Ah Sérgio Alves… Obrigado por tudo! Pelos gols, pelos títulos, por ter nos feito sonhar, por ter nos dado alento nos momentos de desespero, por ter nos dado um motivo de viver quando tudo parecia perdido. Uma bandeira, um jogo de despedida é pouco para ti. Porém estarei lá hoje como se em 1994 fosse, gritando com o mesmo denodo e paixão. Espero que em outra vida sejas novamente jogador do glorioso e que empunhe a mesma raça que em sua história ficou marcada.

Aos que não tiveram a sorte de conhecer segue um pouco mais da história do craque

1 comment to Sérgio Alves: O ocaso de um ídolo Alvinegro

  • Junior

    Parabens pela homenagem,eu trabalho com o carrasco e lendo seu depoimento fiquei emocionado em ver que existe pessoas reconhecem toda a dedicação e amor que foi mostrada em toda a carreira do nosso matador de leão,não sei se você o conhece pessoalmente,porém venho fazer um convite para entrar em contato para realizarmos esse encontro.
    Estou a disposção para marcar esse evento,garanto que ele irá ter o maior prazer em encontrá-lo.

    Telefone: 8865 1505.

    Abç,

    Junior

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